Alguns casos de corrupção envolvendo políticos, empresários e altas cifras para suborno, favorecimento em contratações públicas e outros “favores”. A descrição parece bem atual e explicaria, em poucas palavras, a Operação Lava-Jato, iniciada em março de 2014 no Brasil, tendo à frente o juiz Sérgio Moro. No entanto, o resumo também serviria para entender uma ação capitaneada pelo Judiciário da Itália, conhecida como Operação Mãos Limpas, ou “Mani Pulite” em italiano.
Em 21 de dezembro de 2014, em sua coluna no GLOBO, Elio Gaspari citava um artigo de 2004 do juiz Moro com o balanço da operação italiana: 2.993 mandados de prisão, 6.059 pessoas investigadas, incluindo 872 empresários, 1.978 administradores locais e 438 parlamentares, dos quais quatro haviam sido primeiros-ministros. Além disso, 13 envolvidos cometeram suicídio e grandes partidos foram extintos.
Antonio di Pietro juiz da Operação
Mãos Limpas na Italia, e Sergio Moro
juiz da operação Lava jato no Brasil.
Como aqui no Brasil, a operação Mãos Limpas
levantou muita "gente importante",
e que fizeram de tudo para encerra-la.
Deflagrada em fevereiro de 1992, a Mãos Limpas começou com uma denúncia do dono de uma empresa de materiais de limpeza ao procurador da República Antonio Di Pietro. O pequeno empresário contou-lhe que, ao perguntar sobre qual o procedimento para se tornar fornecedor de um asilo em sua cidade, um funcionário lhe disse que seria melhor oferecer um “agrado” ao gestor da instituição. Após ouvir o relato, Di Pietro decidiu verificar a história. Em uma visita inesperada ao escritório de Mario Chiesa, integrante do Partido Socialista Italiano (PSI) e administrador do asilo Pio Albergo Trivulzio, foram encontrados US$ 6 mil de origem ilícita. Ali iniciava a saga que descobriria uma série de desmandos do governo. O interesse da população era a última motivação dos investigados ao exercerem suas funções públicas.
Como acontece agora no Brasil, políticos
ameaçados de prisão pela operação, se
uniram contra a justiça e votaram leis
protecionistas em causa própria.
Sergio Moro segue os mesmos passos
da operação Mãos Limpas, porém evita
os vícios da mesma ao qual levaram
ao fim dessa grande operação.
Não passou muito tempo para que um dossiê mostrasse o envolvimento de Bettino Craxi, um dos cardeais do PSI e o primeiro socialista a ocupar o cargo de primeiro-ministro do país, entre 1983 e 1987. Craxi era o principal operador do esquema, que abastecia o partido com dinheiro ilegal, cobrando propinas de prestadoras de serviços do governo e construtoras interessadas em obras públicas. A edição do GLOBO de 20 de dezembro de 1992 noticiava os valores recebidos: entre 1985 e 1992, uma construtora pagou US$ 800 mil ao ano para ser favorecida, e as licitações para a construção do metrô de Milão renderam, ao menos, US$ 10 milhões ao político. Contemporâneo de Craxi, o líder do Partido Democrata-Cristão (PDC), Giulio Andreotti, também foi investigado por receber dinheiro para facilitar fraudes e por seu envolvimento com a máfia italiana. Senador vitalício e sete vezes premier, foi preciso que a Justiça cassasse a imunidade parlamentar de Andreotti para que ele fosse processado. Ao final do julgamento, ele foi absolvido.
Alem dos políticos corruptos essa
operação também começou a desvendar
parcerias entre a politica e a mafia napolitana,
e dai tudo começou a ficar bem perigoso.
A mafia tambem sentiu-se ameaçada
e os atentados começaram, pois
a mafia não perdoa.
Durante as investigações, acusados cometeram suicídios. Ex-presidente da estatal ENI, Gabriele Cagliari se matou em 20 de julho de 1993. Ele estava em prisão preventiva por ser testemunha-chave do caso e tinha admitido o pagamento de US$ 12,6 milhões a políticos. Três dias depois, Raul Gardini atirou contra a própria cabeça dentro de casa. O empresário que comandava a Montedison, uma das maiores indústrias químicas da Itália, mantinha ligações com pessoas influentes para favorecer seus negócios. Auditorias estimavam um rombo de até US$ 450 milhões no orçamento da empresa, que era usada para pagar propina. As relações que Gardini conquistou no meio político permitiram que ele conseguisse unir a Montedison à estatal Enichem, gerando a Enimont. Esta fusão provocou prejuízos ao governo.
Outro suicídio abalaria as investigações em agosto de 1993: Giuseppe Magro, dono de uma empreiteira, pulou do sétimo andar de seu prédio quando estava na mira da Mãos Limpas. Magro subornava funcionários públicos para ser favorecido em licitações.
Esses integrantes da Operação Lava Jato sofrem
muita pressão vindas de todos os lados e suas condutas são altamente patrióticas
acima de tudo e de todos.
Juntamente com a policia Federal
muita "gente importante" esta sendo
caçada e presa a todo momento no pais.
Mas a caçada aos corruptos empreendida por juízes levaria um golpe ainda 1993. O GLOBO trazia, em 7 de setembro desse ano, a notícia de que o juiz Diego Curtó, do Tribunal de Milão, tinha embolsado US$ 200 mil para favorecer o banco Comit no processo da dissolução da Enimont. Em depoimento, o banqueiro Vicenzo Palladino revelou o envolvimento de Curtó, um dos mais atuantes na Operação Mãos Limpas. Outra baixa atingiria o Judiciário pouco tempo depois. Antonio Di Pietro, na época o representante da Justiça mais famoso no país, anunciaria sua saída da Mãos Limpas em dezembro de 1994. Quando a Fininvest, empresa pertencente a Silvio Berlusconi (que havia sido primeiro-ministro entre 1994 e 1995), foi apontada por corromper fiscais da Receita Federal italiana, o trabalho do magistrado começou a sofrer ataques que provocaram sua transferência para outro tribunal. Di Pietro decidiu que, para o bem do curso das investigações, seria melhor afastar-se do caso.
Tubarões da politica brasileira se
veem encurralados com seus nomes
evidenciados pelas delações premiadas.
Nunca antes tanta "gente importante" foi
parar na cadeia, governadores, deputados,
prefeitos, vereadores, mega empresários,
e futuramente veremos ex presidentes
também em cana, por isso devemos
apoiar cada vez mais essa Operação
Lava Jato, que é nossa e contra a
corrupção no pais.
A população protestou nas ruas, mas os processos seguiram sem ele.
A Operação Mãos Limpas marcou a Itália. Na primeira oportunidade, os italianos apearam do poder políticos de partidos tradicionais, tanto nas eleições para o Parlamento quanto para as prefeituras. O país sentiu a economia no custo das obras sem os valores destinados a subornos, houve uma redução de cerca de 50% nos preços. Mas os benefícios imediatos se perderam. Craxi não foi preso e ficou exilado na Tunísia até a sua morte, em 2000, e Silvio Berlusconi voltou a ser premier do país entre 2001 e 2011, mesmo respondendo a mais de 20 processos. A corrupção ainda afeta os cofres públicos e a iniciativa do Judiciário foi esquecida pela população, perdida em meio a tantas investigações e ações judiciais.
Fonte Lava Jato News.
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