Não foi exatamente tranqüilo o início do vôo 455 da Air France que decolou de São Paulo para Paris. A responsável pela trepidação foi Marta Suplicy, que ia para a China, com escala em Paris. Ao embarcar, o casal Marta e Luis Favre relaxou e decidiu não passar pela revista de bagagem de mão feita por raios X. Os Favre furaram a fila da Polícia Federal. Vários passageiros se revoltaram. Marta respondeu que, no Brasil, as autoridades não estão obrigadas a cumprir as exigências que recaem sobre os brasileiros comuns.
O bom exemplo deve sempre vir
de cima, é por isso que o nosso
pais esta essa bagunça generalizada!
No mundo inteiro é assim que
as coisas funcionam, parabéns ao
comandante pelo seu gesto justíssimo.
Não é questão de ser ou não ser autoridade
publica, a regra é feita para todos!
Os passageiros "não relaxaram" com a explicação. Continuaram a reclamar, mesmo com todos já embarcados. Deu-se, então, o inusitado: o comandante do Boeing 777, um francês, que mais parecia oficial da famosa e inesquecível "Legião Estrangeira", daqueles soldados que ao cumprimentarem batem os calcanhares das botas e se inclinam respeitosamente, saiu da cabine do avião, chamou a segurança do aeroporto, mandou abrir as portas da aeronave, e avisou com voz solene, em português mas com forte sotaque francês, o seguinte:
Marta Suplicy, autora da inesquecível
e vulgar frase escrita abaixo.
- Boa noite senhores passageiros. Aqui quem fala é o Comandante. Comunico que o avião não irá decolar enquanto o casal, um que se encontra na classe executiva e outro na primeira classe, não sair dos seus assentos e, levando duas bagagens de mão, passarem pelos equipamentos de raios-X. Os seguranças do aeroporto irão acompanhá-los até o local dos equipamentos. Marta Suplicy deixou seu assento na primeira classe (Favre estava na executiva) e, azul de raiva, com a cara de bunda, escoltada pelos seguranças foi cumprir a ordem do comandante. Nesse instante, os passageiros 'relaxaram e gozaram', com grande alarido, e aplaudiram o comandante. A viagem transcorreu num clima de festa para os passageiros, e de velório para a dupla de pobres arrogantes.
Fonte: O Globo, coluna Lauro Jardim
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