Os 25 policiais militares acusados pela maioria das mortes ocorridas durante o massacre do Carandiru, há quase 21 anos, foram condenados na madrugada de hoje a 624 anos de prisão cada um. Os jurados consideraram que os policiais são os responsáveis por 52 das 111 mortes ocorridas na Casa de Detenção em 2 de outubro de 1992. Todos vão recorrer em liberdade. A sentença foi lida pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo às 4h20 deste sábado. A tropa ouviu a decisão dos sete jurados, todos eles homens, de pé. Quase nenhum demonstrou reação ao ouvir a sentença.
Um barril de polvora pronto para
explodir a primeira fagulha!
Na decisão, o juiz Camargo decidiu ainda que os nove PMs que ainda estão na ativa deverão perder seus cargos públicos. Inicialmente, eles eram acusados por 73 assassinatos, número total de presos mortos no segundo andar do Carandiru, onde eles atuaram. Mas o promotor Fernando Pereira da Silva pediu que 21 mortes fossem retiradas dessa conta, pois elas teriam ocorrido em locais como escadas e em um lado do corredor onde a equipe não teria atuado. Por isso, não era possível dizer que esses 25 homens eram responsáveis por elas. Os jurados concordaram com o argumento.
Corpos e mais corpos eram empilhados
ate não ter mais espaço no I.M.L..
Assim como há três meses, o corpo de jurados discordou da tese da advogada Ieda Ribeiro de Souza de que a condenação não era possível, já que a acusação não conseguiu determinar qual dos policiais matou cada um dos detentos."Precisa saber quem foi. Precisa saber quem atirou. Diz pra mim quem foi e como foi. É só isso que eu peço", afirmou a advogada, aos gritos, durante a primeira fase dos debates, em que falou por quase três horas. A defensora também tentou mostrar que os presos eram violentos. Em um telão, projetou fotos impactantes de diversas rebeliões em que detentos acabaram carbonizados ou degolados pelos próprios companheiros de prisão.
Era apenas uma questão de tempo
para que toda essa tragedia urbana ocorresse!
Ela também levou ao plenário um grupo de policiais militares deficientes físicos, com muletas e cadeira de rodas, que segundo ela haviam sido feridos em confronto com criminosos. "Eu me penitencio e me desculpo cada vez que vejo um policial ferido", disse, ao apresentá-los aos jurados. Ieda também afirmou que a responsabilidade do crime é do ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho. "Quem deveria estar aqui é o dr. Fleury. Ele não foi (ao Carandiru) porque tinha costas quentes. Ninguém naquela época, numa véspera de eleições, assumiria politicamente esse caso. Então o que fizeram? Jogaram na conta desses policiais aqui".Em depoimento essa semana, Fleury disse que estava em viagem no dia do massacre e não deu a ordem para a entrada dos policiais. Disse, no entanto, que se tivesse no gabinete, teria autorizado a invasão.
O governador da epoca Luiz Antonio
Fleury, que era chefe de toda policia, jura de
pés juntos que não deu a ordem para a invasão.
Mas um capitulo na infinita historia hipócrita do Brasil, alguns detalhes depois dessa decisão ficam muito evidentes e ativos em nossas mentes, por exemplo como o poder publico permitiu que uma situação como essa fosse se expandindo e crescendo ate se transformar em um enorme monstro incontrolável? Quando os mesmos representantes do poder publico, se isentaram de suas reais responsabilidades e foram empurrando essa situação com a barriga ate chegar em um ponto insustentável, um ponto de explosão, ao qual bastava-se apenas uma pequena faísca para que tudo fosse para os ares. A decisão da justiça é inquestionável e absoluta, mas o triste dessa historia é que os verdadeiros culpados por isso tudo desde o começo, saíram pela tangente e não foram responsabilizados por nada.
Depois do episodio "Detenção", os
criminosos criaram asas,
e começaram a deitar e rolar.
Aqueles que foram administrando esse inferno na terra com a barriga a vida inteira, e menosprezando seus riscos e suas causas tragicas futuras, e permitiram que tudo chegasse a esse extremo diabolico, discute-se da culpabilidade do governador da epoca Luiz Antonio Fleury e a sua cúpula de Segurança Publica, pela ordem da invasão, mas essa situação era bastante previsível, era apenas questão de tempo, para que toda aquela parafernália explodisse, se ele deu ou não a ordem, agora não importa, pois o grande cenário de uma tragedia estava montado, e era apenas questão de detalhes e de tempo, para que tudo ocorresse, pois alguem em algum momento iria dar essa ordem de invasão, os governos anteriores tinham a obrigação de observarem essa "bomba social" e a desarmarem antes que a mesma eclodisse.
Criaram símbolos, agenciaram "socios" e se transformaram em uma mega-empresa do crime!
Os aparelhos celulares se mostraram
serem grandes aliados de muitos sentenciados!
Mas ninguem fez absolutamente nada para se prevenir essa situação, e foram apenas empurrando com a barriga, ate que tudo ocorreu. Culpar os policiais pela invasão, é algo muito subjetivo, alem do fato de uma sentença fictícia de 624 anos que todo mundo sabe que ninguem vive tudo isso e tambem que ninguem vai cumprir essa sentença fantasiosa, maqueada de prisão perpetua em um pais que não existe essa sentença de prisão perpetua. O fato real de toda essa historia é que a partir dessa invasão da Casa de Detenção do Carandiru, o crime organizado foi se unindo mais e mais, e se fortalecendo a cada dia, e hoje eles tomaram conta de São Paulo, dentro e fora das cadeias, e se espalharam pelo pais inteiro, chegando ate a alguns países vizinhos. Depois daquela invasão, pouca coisa mudou em sentido a renovação do sistema carcerario, com um novo planejamento estrutural, que possibilitasse a melhor observação e confinamento dos individuos condenados, mas em contra-partida, o crime organizado cresceu de uma forma avassaladora as vistas do Estado de Direito.
O p.c.c., é uma facção poderosíssima,
que no passado foi subestimada pelo
governo, e não foi combatida como
deveria, por isso cresceu tanto!
Chegando ao ponto deles realizarem uma mega-rebelião no ano de 2000, de dentro das unidades prisionais, utilizando-se de aparelhos celulares, e tambem um afrontamento direto contra o governo de São Paulo no ano de 2006, quando transformaram o estado inteiro em um inferno, com execuções sumarias de agentes públicos, incêndios de onibus e repartições publicas e privadas, sendo que todo esse terror, não ficou apenas no estado de São Paulo, outras capitais importantes do pais tambem foram atingidas como Santa Catarina no ano passado. Isso só acontece porque o Estado se omite em sua função em criar nova sistematica de todo sistema penitenciário com novos modelos prisionais modernos e eficientes, pois esta mais do que comprovado do que os modelos prisionais atuais são verdadeiras maquinas do terror e emperradas.
Precisou ocorrer uma grande tragedia,
para que o governo tomasse uma
providencia contra toda aquela situação!
Histórica implosão da Casa de
Detenção de São Paulo em 2002.
E decaindo novamente nos mesmos erros do passado ao ficarem empurrando tudo com a barriga. O Ministro Jose Eduardo Cardozo mesmo citou dessa problemática gravíssima, mas ate agora tambem não apresentou nada objetivo em sentido de se mudar isso tudo. Vão apenas enchendo as cadeias mais e mais, de uma forma insuportável. O certo de tudo, é que enquanto o governo pensa em fazer alguma coisa em sentido de mudança, o crime organizado ja esta a varios passos a frente (por culpa do proprio Estado). A Casa de Detenção, foi um triste exemplo do descaso publico, onde toda aquela situação de transtornos e mortes poderia ter sido evitada se muito antes do fato, o governo tivesse assumido o problema e tomado as atitudes necessarias, interditando aquele local, e transferindo todos os seus presos para outras penitenciarias, e não esperando o mal acontecer. Pois o crime organizado esta presente e muito ativo e pode em qualquer momento ressurgir e colocar em pratica todas as suas ações criminosas novamente.
Fonte A Folha de São Paulo.
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